A concepção freudiana do AFETO
- Fernanda Ferreira da Silva
- 5 de mai. de 2022
- 2 min de leitura

Moisés ou Núcleo da Criação, 1945 – Frida Kahlo
Na descrição da obra acima, pintada em 3 meses após ler o texto freudiano Moisés e o monoteísmo, 1939, e ter ficado fascinada Frida Kahlo diz:
No meio, na parte inferior, a coisa mais importante para Freud e muitos outros: o amor, representado pela concha e pelo búzio, os dois sexos [a concha o feminino e o búzio o masculino] envoltos pelas raízes eternamente novas e vivas. Frida Kahlo
Freud parte da sua experiência com as histéricas para construir uma teoria dos afetos que é, no entanto, desenvolvida em termos metapsicológicos, nos quais o afeto é definido como um representante da pulsão. Conceito central da metapsicologia freudiana – visto que o seu desenvolvimento marca importantes viradas teóricas na obra do criador da psicanálise –, a pulsão é uma força caracterizada como interna e apoiada em funções biológicas, sem que se confunda, contudo, com estas. A centralidade da ideia de pulsão também se refere à articulação que este conceito pretende exprimir entre as instâncias do corpo e da mente.
A pulsão tem sua origem no corpo e sua ligação com a esfera psíquica é feita pelos representantes pulsionais: o afeto e a representação. O afeto é, assim, um representante pulsional, que, ao lado da representação, intermedia o acesso da pulsão à esfera psíquica, já que a primeira tem sua fonte no corpo. Para Freud, o afeto é uma energia, enquanto que a representação é uma ideia.O afeto é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional e de suas variações. Proveniente da terminologia alemã, o termo exprime estados afetivos penosos ou desagradáveis, vagos ou qualificados que se apresentam sob forma de descarga maciça (LAPLANCHE, 1983, p. 34).
Os afetos se expressam nos desejos, sonhos, fantasias, expectativas, nas palavras, nos gestos. São partes integrantes da subjetividade. As expressões humanas não podem ser compreendidas, se não pelo afeto que carregam.
A vida afetiva abarca muitos estados pertencentes à gama prazer-desprazer. Os afetos podem ser produzidos a partir de um estímulo externo — do meio físico ou social — tonalidade afetiva: agradável ou desagradável, por ex. Para a Psicanálise, não há afeto sem representação, isto é, sem ideia. Não existe afeto solto dentro de nós — uma sensação de mal-estar, por exemplo — mas a ideia à qual o afeto se refere pode estar inconsciente. O prazer e a dor são as matrizes psíquicas dos afetos = afetos originários. Entre os dois extremos encontram-se inúmeras tonalidades, intensidades de afetos, que podem ser vagos, difíceis de nomear ou de serem discriminados. Existem dois afetos básicos que constituem a vida afetiva: o amor e o ódio. Os afetos ajudam a: avaliar as situações, servem de critério de valoração positiva ou negativa; preparam as ações = função adaptativa. Os afetos também estão ligados à consciência permitem dizer ao outro o que sentimos, expressando, através da linguagem, as emoções. Mas muitas vezes os afetos são enigmáticos para quem os sente.
Spinoza
“Um sentimento, que é uma paixão, deixa de ser paixão assim que fazemos dele uma ideia clara e distinta” Spinoza
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